Conversa com a ABRA

david f. mendes
3 min readMay 14, 2021

--

Cada vez mais roteiristas têm se juntado à ABRA, a Associação Brasileira de Autores-Roteiristas, e isso é muito importante para uma profissão que ainda luta por afirmar sua importância no cenário do audiovisual brasileiro. Para explicar um pouco do que é a ABRA, fiz três perguntas à Maíra Oliveira, presidenta da associação.

1) Por que a ABRA é importante para os roteiristas?

Maíra: Como uma associação nacional, a ABRA é um encontro de profissionais diversos que têm em comum o trabalho pela valorização, defesa e ampliação dos direitos da classe. Dessa forma, estar entre os mais de 600 roteiristas é pertencer a esse espaço rico em debate e construção coletiva, formação continuada e amparo, na esfera pública e privada, para o melhor exercício de cada pessoa associada.

2) Quais ações da ABRA que valorizam o trabalho do roteirista?

Maíra: A ABRA busca parcerias para garantir acesso a espaços de formação e atuação profissional através da concessão de bolsas e descontos em cursos, oficinas, graduação e pós-graduação, festivais, rodadas de negócios etc. Através das entidades, associações e organizações parceiras a ABRA cria ainda uma ponte entre mercado e associado, ao promover encontros e espaços de debate coletivo, que oportunizam a pessoa roteirista melhor direcionar ao mercado audiovisual suas demandas. Ao oferecer ainda acesso a profissionais do direito autoral e da produção executiva, a ABRA ampara e mune as pessoas associadas dos aparatos legais que devem ser respeitados nas relações contratuais, e pontualmente oferece ainda apoio jurídico quando comprovada a necessidade do profissional. Nossas redes de comunicação estão abertas com foco em conscientização do audiovisual da importância de nossa profissão, em diálogo com a imprensa e outros veículos de comunicação utilizando essa rede para visibilizar as pessoas associadas. Além de hoje fazer parte do conselho consultivo da SPCine e de ter cadeira na Câmara Setorial do Audiovisual do Ceará, sendo importantes atuações na esfera pública para elaboração de editais e demais ações, atividade essa que a ABRA pretende expandir ainda nessa gestão.

3) Qual é o maior problema dos roteiristas no Brasil atualmente e como a ABRA pode ajudar a enfrentar a questão?

Maíra: Como em muitas esferas do audiovisual, o acesso às oportunidades não se dá de maneira democrática e em consequência não encontramos a diversidade que gostaríamos também no roteiro, e ainda que essa não seja a principal questão que devamos enfrentar pela valorização da profissão, é parte do problema. Não devemos ter saudosismo de um tempo onde poucos conseguiam, seja por meio dos editais ou do acesso a outras fontes de fomento, uma construção de uma indústria de audiovisual forte como temos capacidade de ser, passa necessariamente pelo roteirista, pela diversidade como chave de inovação e por uma conquista coletiva, da classe. E quando digo classe não falo de uma visão reducionista onde o que nos define é atuação, mas de um coletivo de pluralidades que fala através de uma mesma atuação. Dessa forma a capilaridade nacional e a consideração das subjetividades da pessoa roteirista no endereçamento das ações de valorização citadas anteriormente é a forma como nossa gestão escolheu abraçar essa causa.

--

--

david f. mendes

Autor-roteirista, showrunner, professor de roteiro, escritor. Nós, A Garota da Moto, Corações Sujos, Um Romance de Geração, O Herói Insone.